Bem-viver-interespécies: reflexões iniciais

Autores

  • Luciana Cristina Godoy Universidade Federal de São Carlos - UFScar

DOI:

https://doi.org/10.29181/2594-6463-2019-v3-n1-p57-68

Palavras-chave:

Bem-Viver, Estudos Críticos Animais, Estudos Descoloniais

Resumo

Resumo

Este ensaio propõe-se a apresentar o Bem-Viver-Interespécies, como anúncio de uma ética de solidariedade, empatia e alteridade entre Seres-Humanos e Seres-Animais. Para tal, concebemos a possibilidade da interconexão conceitual entre Bem-Viver e os Estudos Críticos Animais. Nosso objetivo é destacar os principais pontos que levam à defesa de outros modelos descoloniais da forma básica de classificação social, inclusive da espécie, no eixo de poder na relação interespécies (humanos e animais). Reconhecemos, por certo, a existência da pluralidade conceitual e política no campo de ativismo relacionado à causa animal. Deste modo, nosso entendimento atual deve ser interpretado como uma conjectura, e não propriamente a uma proposição teórico-conceitual, uma vez que ainda estamos nos estágios iniciais de nossa pesquisa.
Palavras-chave: Bem-Viver. Estudos Críticos Animais. Estudos Descoloniais. 

Good-living-interspecies: initial reflections

Abstract

This essay strives to introduce the Good-Living-Interspecies, as an announcement of an ethics of solidarity, empathy and otherness between Human-Beings and Animal-Beings. With this subject, we conceive the possibility of the conceptual interconnection between Good-Living and Critical Animal Studies. Our goal is to highlight salient points that lead to the defense of other descolonial models of the basic form of social classification, including species on the axis of power in the interspecies relationship (human and animal). We certainly recognize the existence of the conceptual and political plurality in the field of animal activism. Thus, our current understanding must be construed as a conjecture rather than a proposition, given we are still in the initial stages of our research.
Keywords: Good-Living. Animal Critical Studies. Descolonial Studies.

Buen-vivir-interespecies: reflexiones iniciales

Resumen

Este ensayo se propone presentar el Buen-Vivir-Interespecies, como anuncio de una ética de solidaridad, empatía y alteridad entre Seres-Humanos y Seres-Animales. Para ello, concebimos la posibilidad de la interconexión conceptual entre Buen-Vivir y los Estudios Críticos Animales. Nuestro objetivo es destacar los principales puntos que llevan a la defensa de otros modelos descoloniales de la forma básica de clasificación social, incluso de la especie, en el eje de poder en la relación interespecies (humanos y animales). Ciertamente reconocemos la existencia de la pluralidad conceptual y política en el campo de activismo relacionado con la causa animal. De este modo, nuestro entendimiento actual debe ser interpretado como una conjetura, y no propiamente a una proposición teórico-conceptual, puesto que aún estamos en las etapas iniciales de nuestra investigación.
Palabras clave: Buen-Vivir. Estudios Críticos Animales. Estudios Descoloniales.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luciana Cristina Godoy, Universidade Federal de São Carlos - UFScar

Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Mestra em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Docente e coordenadora do curso de Pedagogia na Faculdade Anhanguera de Piracicaba. E-mail: lucianna.crgodoy@gmail.com

Referências

ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.

ARAÚJO-OLIVERA, S. S. Exterioridade: o outro como critério. In: OLIVEIRA, M. W.; SOUSA, F. R. (Org.). Processos educativos em práticas sociais: pesquisas em educação. São Carlos: EdUFSCar, 2014. p. 47-112.

ÁVILA-GAITÁN, I. D. El Instituto Latinoamericano de Estudios Críticos Animales como proyecto decolonial. Tabula Rasa, Bogotá - Colombia, n. 27, p. 339-351, jul.-dic. 2017.

BEST, S. The rise of critical animal studies: putting theory into action and animal liberation into higher education. Journal for Critical Animal Studies, v. 7, n.1, p. 9-52, 2009.

BRÜGGER, P. Educação ou adestramento ambiental? 2. ed. Santa Catarina: Letras Contemporâneas, 1999.

CAILLOIS, R. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Petrópolis: Vozes, 2017.

CANDAU, V. M. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 37, p. 45-56, 2008.

CASTELLANO, M.; SORRENTINO, M. A inserção de estudos críticos animais em instituições de educação superior. Atos de Pesquisa em Educação, Blumenau, v. 10, n. 2, p. 654-680, 2015.

DE WAAL, F. A era da empatia: lições da natureza para uma sociedade mais gentil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

DEL GAISO, P. Índia Guajá amamenta filhote de porco do mato. Folha de S. Paulo, 16 dez. 1992.

DUSSEL, E. Alguns princípios para um ética ecológica material de libertação (relações entre a vida na terra e a humanidade). In: PIXLEY, J. (Coord.). Por um mundo diferente: alternativas para o mercado global. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 23-35.

DUSSEL, E. Cultura imperial, cultura ilustrada e libertação da cultura popular. In: DUSSEL, E. Oito ensaios sobre cultura latino-americana e libertação. São Paulo: Paulinas, 1997. p. 121-152.

DUSSEL, E. Filosofia da libertação na América Latina. São Paulo: Loyola; Piracicaba: Unimep, 1977.

FELIPE, S. T. Por uma questão de princípios: alcances e limites da ética de Peter Singer em defesa dos animais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2003.

FORTE, D. L. Representaciones animales y procesos de borramiento en el conflicto Cresta Roja. Logos, La Serena, v. 27, n. 1, p. 105-122, jul. 2017.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

GONÇALVES JUNIOR, L.; LEMOS, F. R. M.; CHECCHI, C. M. S. Do conformismo do lazer à radicalidade do ócio: esperançando o bem viver. In: SILVA, J. V. P.; SILVA, D. S. (Org.). Lazer, vida com qualidade e direitos sociais. Curitiba: InterSaberes, 2019. (no prelo).

HARAWAY, D. When species meet. Minneapolis, University of Minnesota Press, 2008.

HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

KIRKSEY, S. E.; HELMREICH, S. The emergence of multispecies ethnography. Cultural Anthropology, v. 25, n. 4, p. 545-576, 2010.

LAKATOS, E. Sociologia geral. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1990.

LÉVINAS, E. Entre nós: ensaios sobre a alteridade. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

LORENZETTO, M. S. Verdadeiro menino lobo vive mal entre humanos. Campo Grande News, 28 mar. 2018. Disponível em: < https://www.campograndenews.com.br/colunistas/em-pauta/verdadeiro-menino-lobo-vive-mal-entre-humanos >. Acesso em: 26 mar. 2019.

MACIEL, M. E. (Org.). Pensar e escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011.

MALDONADO-TORRES, N. A topologia do ser e a geopolítica do conhecimento. Modernidade, império e colonialidade. In: SANTOS, B. S. Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez, 2010. p. 396-443.

MATURANA, H.; DÁVILA, X. El arbol del vivir. Santiago: Escuela Matriztica/ MVP Editores, 2015.

MUNDURUKU, D. Das coisas que aprendi: ensaios sobre o bem-viver. 2. ed. Lorena: DM Projetos Especiais, 2019.

NACONECY, C. Ética e animais: um guia de argumentação filosófica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014.

OGDEN, L.; HALL, B.; TANITA, K. Animals, plants, people, and things: a review of multispecies ethnography. Environment and Society: Advances in Research, n. 4, p. 5-24, 2013.

OLIVEIRA, M. W.; SILVA, P. B. G.; GONÇALVES JUNIOR, L.; GARCIA-MONTRONE, A. V.; JOLY, I. Z. Processos educativos em práticas sociais: reflexões teóricas e metodológicas sobre pesquisa educacional em espaços sociais. In: OLIVEIRA, M. W.; SOUSA, F. R. (Org.). Processos educativos em práticas sociais: pesquisas em educação. São Carlos: EdUFSCar, 2014. p. 29-46.

OSTOS, N. S. C. A luta em defesa dos animais no Brasil: uma perspectiva histórica. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 69, n. 2, p. 54-57, abr. 2017.

PODBERSCEK, A.; PAUL, E.; SERPELL, J. Companion animals and us: exploring the relationships between people and pets. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

QUIJANO, A. “Bem viver”: entre o “desenvolvimento” e a “des/colonialidade” do poder. Revista da Faculdade de Direito da UFG, v. 37, n. 1, p. 46-57, 2013.

SANTOS, B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. Introdução. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. p. 9-19.

SINGER, P. Libertação animal. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

SÜSSEKIND, F. O rastro da onça: relações entre humanos e animais no Pantanal. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014.

VANDER-VELDEN, F. F. Os primeiros cachorros: encontros interétnicos e multiespecíficos no sudoeste da Amazônia. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 33, n. 97, p. 1-28, 2018.

VARELA, F. J.; THOMPSON, E.; ROSCH, E. De cuerpo presente: las ciencias cognitivas y la experiencia humana. Barcelona: Gedisa, 1997.

VIDELA, M. D. ¿Que és uma mascota? Objetivos y miembros de la familia. Ajayu, La Paz, v. 15, n. 1, p. 53-69, mar. 2017.

WILSON, E. O. A conquista social da terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Downloads

Publicado

03/05/2019

Como Citar

GODOY, L. C. Bem-viver-interespécies: reflexões iniciais. MOTRICIDADES: Revista da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana, São Carlos, v. 3, n. 1, p. 57–68, 2019. DOI: 10.29181/2594-6463-2019-v3-n1-p57-68. Disponível em: https://www.motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2019-v3-n1-p57-68. Acesso em: 18 maio. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.