Pós-colonialismo, relações étnico-raciais e universidade

Autores

  • Luciane Ribeiro Dias Gonçalves Universidade Federal de Uberlândia
  • Cairo Mohamad Ibrahim Katrib Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.29181/2594-6463-2018-v2-n2-p135-148

Palavras-chave:

Pós-Colonialismo, Universidade Pública Brasileira, Educação para as Relações Étnico-Raciais

Resumo

Resumo

O artigo aqui apresentado tem como proposta de análise compreender o papel da universidade na concretização de ações educativas voltadas para a temática étnico-racial, uma vez que essas instituições, no Brasil, têm um histórico de produção do conhecimento pautado numa visão que privilegia, ainda, uma formação centrada em valores europeizantes. Nesta perspectiva, nossa análise tem como preocupação perceber como as relações étnico-raciais vêm emergindo no debate pós-colonial e qual a relação possível entre educação para as relações étnico-raciais e a universidade atual, a fim de projetarmos olhares múltiplos sobre a temática racial, temática esta tão disseminada nos últimos anos, mas tão dicotômica quanto a sua interpretação por parte do Estado brasileiro e significativas para o entendimento do processo de colonialismo e suas marcas na atualidade, silenciando o protagonismo de grande parte da população diferenciada pela cor da pele.
Palavras-chave: Pós-Colonialismo. Universidade Pública Brasileira. Educação para as Relações Étnico-Raciais.

Postcolonialism, ethnic/racial relations and university

Abstract

The article presented here has as an analysis proposal to understand the role of the university in the completion of education actions towards the ethnical/racial thematic, since that those institutions in Brazil have an historical of knowledge production guided in a perspective that gave preference, still, a formation focused in Europeanizing values. In this perspective, our analyses still have a concern as to perceive how the ethnical/racial relations are emerging in the postcolonial debate and which the possible relation between the education for the ethnical/racial relation and the current university, so we can project multiple visions about the racial thematic as the same being so disseminated in recent years, but so dichotomous about it interpretation by the Brazilian State and meaningful for the understanding of the colonialism process and its marks nowadays, thereby silencing the prominence of a large portion of the population differentiated by the color of it skin.
Keywords: Postcolonialism. Brazilian Public University. Education for the Ethnical/Racial Relations.

El postcolonialismo, las relaciones étnico-raciales y la universidad

Resumen

La propuesta de análisis del presente artículo es la comprensión del papel de las universidades en la concreción de acciones educativas orientadas hacia la temática étnico racial, dado que tales instituciones en Brasil tienen un historial de producción de conocimiento pautado en una visión que favorece, además, una formación centrada en valores europeizantes. En esta perspectiva, nuestro análisis tiene como inquietud la detección de la emersión de las relaciones étnico-raciales en el debate postcolonial y la posible relación entre la educación para las relaciones étnico raciales y la universidad actual, a fin de trazar diferentes puntos de observación sobre la temática racial, muy difundida durante los últimos años, pero a la vez tan dividida en cuanto a su interpretación por parte del estado brasileño, así como significativa para la comprensión del proceso de colonialismo y sus marcas en la actualidad, silenciando el protagonismo de gran parte de la población que se diferencia por el color de la piel.
Palabras clave: Postcolonialismo. Universidad Pública Brasileña. Educación para las Relaciones Étnico-Raciales.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luciane Ribeiro Dias Gonçalves, Universidade Federal de Uberlândia

Professora da Universidade Federal de Uberlândia, no curso de Pedagogia.

Cairo Mohamad Ibrahim Katrib, Universidade Federal de Uberlândia

Professor da Faculdade de Educação, no Curso de pedagogia.

Referências

ABRAMOWICZ, A.; SILVÉRIO, V. R. (Org.). Afirmando diferenças: montando o quebra-cabeça da diversidade na escola. Campinas: Papirus, 2005.

BARBALHO, A. Políticas culturais no Brasil: identidade e diversidade sem diferença. In: ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM CULTURA, 3., 2007, Salvador. Anais... Salvador: UFBa, 2007. p. 1-21. Disponível em: < http://www.cult.ufba.br/enecult2007/AlexandreBarbalho.pdf >. Acesso em: 03 jul. 2018.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Lei de cotas nas universidades completa três anos. SEPPIR, 27 ago. 2015. Disponível em: < http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/noticias/agosto/lei-de-cotas-nas-universidades-completa-tres-anos >. Acesso em: 03 jul. 2018.

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012: dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. Brasília: Casa Civil, 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm >. Acesso em: 03 jul. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Ético-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. Brasília: MEC, 2004.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003: inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Brasília: Casa Civil, 2003. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm >. Acesso em: 03 jul. 2018.

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC, 1997.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Casa Civil, 1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm >. Acesso em: 03 jul. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

CASSIMIRO, M. R.; GONÇALVES, O. L. Rumos da universidade brasileira. Goiânia: Editora da UFG, 1986.

CHAUÍ, M. S. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FARIA, M. A.; SILVA, A. J. A educação das relações étnico-raciais na formação em gestão de serviços de saúde. Revista Brasileira de Ensino Superior, v. 2, n. 1, p. 34-40, jan.-mar. 2016. Disponível em:< https://seer.imed.edu.br/index.php/REBES/article/view/1103/851 >. Acesso em: 03 jul. 2018.

GONTIJO, R. Identidade nacional e ensino de História: a diversidade como “patrimônio sociocultural”. In: ABREU, M.; SOIHET, R. (Org.). Ensino de História: conceitos, temática e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. p. 55-79.

HASENBALG, C. A. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

HENRIQUES, R. Desigualdade racial no Brasil: evolução das condições de vida na década de 90. Rio de Janeiro: IPEA, 2001. Disponível em: < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0807.pdf >. Acesso em: 03 jul. 2018.

JOSÉ, O. Ser negro. Poesias Cacerense, 20 nov. 2010. Disponível em: < http://odairpoetacacerense.blogspot.com/2010/11/ >. Acesso em: 03 jul. 2018.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.

NEPP. Núcleo de Estudos de Políticas Públicas, UNICAMP. Disponível em: < https://www.nepp.unicamp.br/ >. Acesso em: 03 jul. 2018.

NGOENHA, S. Filosofia africana: das independências às liberdades. Maputo: Edições Paulistas, 1993.

OLIVEIRA, F. Ser negro no Brasil: alcances e limites. Estudos Avançados, v. 18, n. 50, p. 57-60, jan./abr. 2004.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. p. 73-118.

REISBERG, L.; WATSON, D. Igualdade e Acesso no Ensino Superior. In: ALTBACH, P. G. (Ed.). Leadership for world-class universities: challenges for developing countries. New York: Taylor & Francis Library, 2011. Disponível em: < http://www.gr.unicamp.br/ceav/revistaensinosuperior/ed02_novembro2010/ed_02_novembro2010_igualdade-acesso.php >. Acesso em: 03 jul. 2018.

SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais e uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 78, p. 3-46, 2007. Disponível em: < https://journals.openedition.org/rccs/753 >. Acesso em: 03 jul. 2018

SANTOS, B. S. Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. In: SANTOS, B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006. p. 227-276.

SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2001.

SILVA T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 73-102.

SPIVAK, G. C. Can the subaltern speak? In: MORRIS, R. Can the subaltern speak?: reflections on the history of an idea. New York: Columbia University Press, 2010. p. 21-78.

Downloads

Publicado

02/08/2018

Como Citar

GONÇALVES, L. R. D.; KATRIB, C. M. I. Pós-colonialismo, relações étnico-raciais e universidade. MOTRICIDADES: Revista da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana, São Carlos, v. 2, n. 2, p. 135–148, 2018. DOI: 10.29181/2594-6463-2018-v2-n2-p135-148. Disponível em: https://www.motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2018-v2-n2-p135-148. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos de Revisão